bandeira

Tem uma luz sobre a bandeira da resistência
O suor se levanta porque ergue-se o braço
O dia foi de trabalho e a semana de horrores
Se juntam e se tocam peles de todas as cores
Se enrouquecem as vozes tecidas de aço
Como é difícil ver a frente, paciência

Aos poucos todos vão criando coerência
Tentando entender o mar enquanto navegam
Expressam a dor ao gritar contra rumores
O vão sob a ponte se enche de clamores
Enfrentam o cansaço e as lágrimas que cegam
Conectam pelo igual e pela divergência

Corações jovens batem aos som de tambores catárticos
Os joelhos dos mais velhos não se curvam ao medo
Sobem onde dá pra subir e sentam onde o chão aguenta
Enfrentam uma surdez opcional fazendo a rua barulhenta
Um povo que tenta salvar a história ao tomar nas mãos o enredo
Se apertam mais e acolhem os que chegam erráticos

Contrastam as bandeiras que carregam com o cinza de um céu cimento
E quando se reconhecem, peito no peito, mãos nas costas, rosto no rosto
Ainda que dentro, angústia, olhos apertados e sorriso aberto
Os já cansados de outras lutas dão o exemplo do porque estar desperto
Não existe mais qualquer lugar para um conivente desgosto
Só emoção de força bruta, diamante ainda carvão fragmento

Não importa quando, já é inegável a iminência
Uma multidão que unida não cabe na semente que planta
E explode a primavera primeiro, fazendo aviso
Que o amor cresce e vira, e se preciso improviso
Se faz da flor que sai do que está preso na garganta
Tem uma luz sobre a bandeira da resistência